Super Ball Girls: erotismo, horror e existencialismo em um mangá bizarro e provocativo

 


“Super Ball Girls” é exatamente o tipo de mangá que desperta curiosidade pelo absurdo da sua premissa, e entrega algo muito mais estranho — e até perturbador — do que a sinopse sugere. Criado pelos mesmos autores de obras como BLUELOCK e Prison School, o mangá mistura comédia erótica, ficção científica, horror corporal e uma pitada de crítica existencialista. O resultado é um volume que vai dividir bastante opiniões.

A história acompanha Ichiyoshi, um operário solitário que encontra uma bolinha saltitante mágica na noite de Natal. Ao jogá-la, ele acaba invocando uma mulher absurdamente bonita — e completamente nua. Parece uma fantasia sexual básica de harem, mas conforme a história avança, as garotas geradas pela "super bola" revelam comportamentos bizarros, ausência de fala, inteligência limitada, e um tipo de sensualidade alienígena. A princípio, é desconfortável — e propositalmente. Mas aos poucos, as “Super Ball Girls” desenvolvem traços de personalidade próprios, indo do estúpido ao hiperinteligente.

Visualmente, o mangá alterna entre sensualidade exagerada e horror grotesco com eficiência. A arte enfatiza as curvas das personagens femininas, mas não hesita em distorcê-las em cenas de body horror brutais e desconcertantes. É nesse contraste que o mangá mais brilha: entre o fetichismo e a desconstrução do próprio fetiche.

Há quem veja aqui apenas um espetáculo bizarro de fanservice; outros encontrarão camadas existenciais — como quando uma das garotas pergunta diretamente “O que eu sou?” — questionando sua própria existência e função como objeto de desejo. Esse é o tipo de conteúdo que desafia a linha entre o erótico e o inquietante.

Por outro lado, a narrativa sofre com alguns tropeços. O protagonista é apático, passivo e difícil de se conectar emocionalmente. Algumas sequências parecem existir apenas para chocar ou explorar fetiches específicos, o que pode alienar leitores mais sensíveis. Há ainda a problemática da infantilização das garotas e da inteligência reduzida, que pode gerar desconforto legítimo.

Conclusão:

“Super Ball Girls” é uma viagem estranha, incômoda, mas intrigante. Não é para todos. Mas se você curte obras que flertam com o bizarro, misturam sensualidade com horror existencial e têm coragem de se aprofundar nos seus próprios absurdos, vale dar uma chance — pelo menos por curiosidade. Só esteja avisado: isso aqui está muito longe de ser só mais um “ecchi bobo”.

Destaques Positivos:

  • Premissa maluca, mas bem conduzida

  • Mistura única de erotismo, sci-fi e body horror

  • Questionamentos existenciais surpreendentes

  • Arte que sabe ser sensual e assustadora

Pontos Fracos: − Protagonista sem carisma

  • Algumas cenas podem ser desconfortáveis demais
  • Elementos de harem com implicações éticas duvidosas
  • Nem todos os leitores vão conseguir digerir o tom bizarro


Postagem Anterior Próxima Postagem