Apocalypse Hotel – Episódio 7: Satélite Publicitário, Sátira Política e Emoções no Espaço

 


Apocalypse Hotel – Episódio 7

Eu sei que estou me repetindo, mas é impossível não me divertir com o fato de que simplesmente não dá para prever o que Apocalypse Hotel vai fazer a cada semana. No episódio anterior, um canguru espacial genocida levou Yachiyo para um passeio filosófico sobre o sentido da vida. Desta vez, o episódio mistura sátira política e paródia de Apollo 13, com Ponko assumindo o papel de adorável demagoga/engenheira de foguetes. E, mais uma vez, o anime acerta em cheio, com uma elegância absurda.

Ciência, irracionalidade e tanukis engenheiros

A primeira lição do episódio é que o progresso científico está inevitavelmente atrelado aos impulsos mais irracionais da humanidade. Isso não é bom ou ruim — é só um fato. Lançar um foguete para exibir um anúncio orbital parece absurdo, mas nem tanto se compararmos com as verdadeiras motivações por trás da Corrida Espacial durante a Guerra Fria. Em Apocalypse Hotel, Yachiyo quer promover o Hotel Gingarou, mesmo que o negócio não dê lucro real. Ela faz isso pela paixão ou, talvez, por programação — dependendo de como você interpreta a possível consciência do Flycatcher Robot. Eu já tenho meu lado nessa discussão.

Ponko mostra como a irracionalidade molda o comportamento humano — e aqui incluo robôs e tanukis, já que ambos são produtos da nossa cultura pop e código binário. A herança humana está neles: a genialidade criativa e a tendência a se apegar às profecias de Nostradamus. O mais divertido (e trágico) é que a realidade parece correr atrás da ficção. Não é difícil imaginar um governo de verdade sendo influenciado por tabloides para criar uma arma espacial inútil e caríssima. É rir para não chorar.

A sátira política mais direta da série

Este é, de longe, o episódio mais abertamente satírico de Apocalypse Hotel. E embora eu tenha ficado cético no início, o tom funciona porque a série nunca perde seu foco na natureza humana — e na nossa tendência ao ridículo. A forma como Ponko, movida pelo medo de perder seu lar, mergulha rapidamente em uma campanha por “Rods from God” (armas espaciais reais!) é hilária e perturbadora. É um bom lembrete de como boas intenções podem se transformar em ações perigosas. Mas no fim, quem convence Yachiyo é mais a amizade entre elas do que qualquer retórica política.

Do absurdo ao emocional — e de volta

A segunda metade do episódio mergulha de vez na estética cinematográfica, com direito a montagem de treinamento e ambientação dramática digna de Apollo 13. Descobrimos que Ponko é uma especialista em engenharia espacial (porque claro que é), e que tanukis vivem por muito tempo. Mas o que mais se destaca aqui é o apoio incondicional de Yachiyo: uma chefe que literalmente arrisca sua vida para apoiar o sonho de uma funcionária. Se todo gestor fosse assim, o mundo seria outro.

O truque final do anime é transformar uma premissa boba em emoção genuína. Antes de Yachiyo entrar na cápsula, Ponko se declara para ela com um “eu te amo”. No começo do episódio, ela a acusava de ser fria demais. Agora, se abre emocionalmente. Mesmo com o pano de fundo mais absurdo possível, esse momento é tocante — e 100% sincero. É esse tipo de escrita que mantém Apocalypse Hotel tão único e cativante.

Cliffhanger com impacto e poesia nonsense

O episódio termina com uma reviravolta intensa: uma tempestade solar deixa Yachiyo à deriva no espaço, enquanto sua interface feliz a informa que desbloqueou a função de autodestruição. Em meio ao caos, ela se lembra das palavras de Ponko e admira a Terra. É melancólico, bonito e completamente maluco — tudo o que define essa série. E o melhor? Há 50% de chance do próximo episódio ignorar totalmente o resgate dela e partir para uma nova loucura. E sabe de uma coisa? Isso seria maravilhoso.

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