Anne Shirley Episódio 6: Cabelos Verdes, Histórias Patéticas e Emoções Reais

A adaptação de Anne Shirley continua em ritmo acelerado. Este episódio cobre os capítulos vinte e seis e vinte e sete do livro de L. M. Montgomery, equivalentes aos episódios vinte e nove e trinta do anime de 1979. Apesar da velocidade, a série está conseguindo manter a alma da obra original, mesmo com escolhas questionáveis, como a introdução tardia de Josie e a inexplicável ausência da tia Josephine. Ainda assim, adaptações têm liberdade criativa para oferecer sua própria interpretação do material — e nisso, Anne Shirley segue se destacando.

Um drama capilar digno de filme de terror

O ponto alto do episódio é, sem dúvida, a icônica cena do cabelo verde de Anne. Filmada com enquadramentos e iluminação que remetem a um filme de terror, a sequência traduz perfeitamente o horror que Anne sente diante de sua nova aparência e do medo da reação de Marilla. E é justamente a reação de Marilla que mostra o quanto ela mudou ao longo desses dois anos. Onde antes haveria gritos e punições, agora há compreensão e apoio silencioso. Marilla ainda é contida em suas demonstrações de afeto, mas o carinho está lá — e Matthew, como sempre, a ajuda a enxergar isso.

Clube de Histórias: o patético (no bom sentido)

A primeira metade do episódio traz um momento encantador com a formação do clube de escrita de Anne. Suas histórias “patéticas”, no sentido de cheias de pathos, são uma homenagem aos romances populares da época de Montgomery, como os de Mary Elizabeth Braddon e Susan Warner. A história de Anne é dramática, exagerada e, claro, cheia de ecos de sua própria vida: Cordelia, Geraldine e Bertram são facilmente identificáveis como Diana, Anne e Gilbert. Marilla e tia Josephine (mencionada, mas não mostrada) caem na risada com o resultado, mas para Anne, tudo é muito sério. E é justamente essa ingenuidade apaixonada que torna Anne uma personagem tão cativante.

Caminhando para um dos momentos mais marcantes

O próximo episódio promete adaptar uma das cenas mais memoráveis do livro, e é animador ver como essa versão vai lidar com isso. Embora ainda me incomode a ausência de tia Josephine, é justo dizer que as omissões feitas até aqui foram bem pensadas. E, felizmente, certos trechos que envelheceram mal no original foram deixados de fora.

Como toda boa obra de arte, essa adaptação também convida o público a formar sua própria interpretação. E com Anne prestes a reinterpretar um clássico literário em seu próprio estilo, nada mais apropriado.

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