I'm a Noble on the Brink of Ruin, So I Might as Well Try Mastering Magic é uma série que começa com uma proposta batida, mas que ainda poderia encontrar alguma relevância dentro do saturado gênero isekai. Infelizmente, o que entrega é uma mistura de clichês mal costurados, ritmo fraco e uma história que parece se contentar em existir à sombra de That Time I Got Reincarnated as a Slime.
Sinopse: magia, reencarnação e... escravidão disfarçada?
Durante uma noite comum, um trabalhador japonês se vê reencarnado como Liam Hamilton, o quinto filho de uma família nobre decadente. Determinado a reverter sua situação, Liam decide dominar a magia. Ao fazer isso, ele não apenas descobre seu talento extraordinário, como também se coloca no centro de uma transformação global. O problema é que a jornada, que deveria ser épica, se torna incrivelmente entediante.
Slime versão beta
Comparações são inevitáveis — e, neste caso, quase obrigatórias. A estrutura narrativa, os personagens, os acontecimentos e até os diálogos ecoam diretamente That Time I Got Reincarnated as a Slime. A diferença? Tudo aqui é menos carismático, menos envolvente e menos bem escrito. Até mesmo a formação do reino, os ensinamentos mágicos e o "sistema de familiares" parecem versões baratas e rasas de algo que já vimos funcionar melhor em outro lugar.
A história que não sabe para onde vai
A série falha miseravelmente em construir qualquer tipo de tensão. Conflitos surgem e são resolvidos quase instantaneamente, o que tira qualquer peso das batalhas ou decisões. É como ler um resumo de uma história que alguém esqueceu de desenvolver. Nenhum obstáculo parece real, e a maioria dos personagens desaparece do enredo assim que são apresentados.
Os companheiros de Liam não têm profundidade. Suas motivações são vagas ou inexistentes, e, com exceção da Princesa Scarlet, todos parecem estar ali apenas para admirar o protagonista e reforçar a ideia de que ele é incrível — o que, ironicamente, o torna ainda mais monótono.
O “herói” e sua coleção de escravos voluntários
Se existe algo que diferencia este anime, é o uso controverso da escravidão mágica. Todos os habitantes do reino de Liam se tornam seus “familiares” por livre e espontânea vontade — o que, na prática, significa que estão presos a ele por encantamento. O anime tenta justificar isso ao mostrar que todos ganham benefícios incríveis ao se tornarem familiares, como força, juventude e até acesso à magia. A questão moral é profunda: você abriria mão do livre-arbítrio em troca de poder e conforto? Pena que o anime nem tenta explorar essa discussão de forma consciente.
Visual e trilha sonora: extremos opostos
Visualmente, o anime é medíocre. Os personagens mudam de proporção entre cenas, a animação em lutas é disfarçada com nuvens de poeira e há reaproveitamento de cenas em vários episódios. Por outro lado, a trilha sonora é surpreendentemente boa — a ponto de parecer deslocada, criando uma seriedade que o roteiro não sustenta. É como se a música estivesse em um anime muito melhor.
Veredito final
I'm a Noble on the Brink of Ruin, So I Might as Well Try Mastering Magic é uma decepção em quase todos os aspectos. Falta originalidade, ritmo, construção de personagens e ambição. Até mesmo os temas interessantes que surgem ocasionalmente — como o dilema do livre-arbítrio — parecem mais acidentais do que intencionais. Com exceção da trilha sonora, não há razão real para assistir essa série.
Nota Final: 4
- História: 3
- Animação: 4
- Arte: 3
- Música: 7
+ Destaque: levanta, ainda que sem querer, uma questão moral curiosa sobre controle e liberdade.
− Problemas: praticamente todo o resto.