Can a Boy-Girl Friendship Survive? – Episódio 4: O Peso das Escolhas
Chegando ao quarto episódio de Can a Boy-Girl Friendship Survive?, fico com aquela dúvida incômoda: estamos diante de uma escrita inteligente ou apenas tentando encontrar sentido em decisões inconsistentes? A série está se equilibrando perigosamente na construção da Himari, e, embora seja possível racionalizar muitas das suas ações, nem todas conseguem soar naturais ou confortáveis.
Conflitos que parecem reais
Preciso reconhecer: gostei muito do episódio focar diretamente no incidente do final do episódio três, sem fingir que nada aconteceu. A discussão no corredor entre Himari e Yu, que termina com o rompimento do colar, foi particularmente bem construída. Dá para entender a frustração de ambos os lados — para Himari, parecia que Yu estava voltando atrás em uma promessa, enquanto Yu sentia que ela estava ultrapassando limites. Apesar de Himari estar mais errada nesse cenário, a cena em que ela admite se sentir ferida por não ser a prioridade de Yu foi especialmente boa e humana.
Outro momento que brilhou foi a conversa entre Yu e Shinji. Adorei como Shinji explicou que o amor é algo difícil de manter, destacando que qualquer escolha que Yu fizesse viria acompanhada de alguma perda. Ele poderia investir em um relacionamento com Rion, mas talvez perdesse a amizade com Himari — ou poderia manter a amizade e abrir mão de um novo amor. Esse tipo de dilema realista traz um peso interessante para a narrativa.
Quando a escrita tropeça
No entanto, nem tudo funcionou tão bem. O começo e o meio do episódio exageram demais no comportamento mimado de Himari. Dá para entender que ela ainda está em negação sobre seus sentimentos, mas a forma como ela age passa do ponto. Felizmente, seu irmão surge para colocar um pouco de ordem, confrontando-a sobre a maneira como estava emocionalmente manipulando Yu — mesmo admitindo, com ironia, que também estava fazendo uma leve chantagem emocional.
O problema é que o conselho que ele tenta passar acaba ficando confuso, e até a própria Himari admite que não entendeu direito. A intenção era falar sobre escolhas e sobre a diferença entre manter uma amizade sólida ou arriscar tudo por um possível romance, mas a mensagem se perde no caminho.
Enquanto isso, Yu parece amadurecer e tomar decisões importantes fora de cena, deixando o final do episódio com um ritmo estranho. Quando vemos, ele já está decidido a fazer um gesto extremamente íntimo e marcante: se oferecer para largar a escola e seguir Himari até Tóquio. É o tipo de comprometimento que vai muito além da amizade comum, e sua fala sobre o significado da tulipa roxa (símbolo que pode representar tanto admiração intensa quanto afeição profunda) só reforça a dúvida: será que Yu já percebeu que seus sentimentos ultrapassam a amizade?
E agora, para onde vamos?
O status quo parece ter sido restaurado no final, mas a sensação é de que algo fundamental mudou. A série deixa claro que há amor entre Himari e Yu, mas falta um obstáculo real para que eles possam ficar juntos. Em vez disso, o anime parece se sabotar propositalmente, criando barreiras de timing e hesitação.
A grande questão agora é: até quando essa dança vai continuar? Será que vamos assistir a essa tensão mal resolvida até o final da temporada? Ou o anime vai surpreender e quebrar nossas expectativas antes disso?