Kowloon Generic Romance – Episódio 4: A Realidade Começa a Desmoronar
Se você achava que Kowloon Generic Romance ia seguir um ritmo calmo, o episódio 4 chega para deixar tudo de cabeça para baixo. Para quem já leu o mangá, esse é o momento em que a história realmente começa a desafiar nossa percepção — e o anime, com seu ritmo ágil de praticamente um volume adaptado por episódio, mergulha de cabeça nesse clima existencialista. Mas antes de falar das revelações, vale destacar: a ambientação continua simplesmente impecável.
A alma da Cidade Amuralhada
O anime captura a essência sufocante e vibrante de Kowloon com maestria. Cada viela estreita, cada prédio amontoado e cada telhado improvisado transborda vida. É quase possível sentir o cheiro da comida de rua e a presença esmagadora da multidão. E tudo isso sob o olhar constante da misteriosa Generic Terra, brilhando de forma artificial no céu. A direção, as composições de cena e a trilha sonora melancólica ampliam ainda mais essa atmosfera única. Mesmo com a ausência de alguns momentos mais leves do mangá, é impressionante como a adaptação conseguiu manter a essência original.
As revelações começam a surgir
Finalmente temos a confirmação de que a Kowloon onde Kujirai A vive não é a mesma que foi demolida em 1994 — é uma "segunda Kowloon", construída ilegalmente sobre as ruínas da original. Isso explica a presença de tecnologias modernas como celulares e monitores planos. Mas, como tudo nessa história, nada é tão simples.
A investigação de Hebinuma e Gwen levanta mais dúvidas do que respostas. O Gwen que vemos agora não é o mesmo do episódio 1 — ainda assim, ele reconhece o local e sente falta de um abrigo de gatos que havia construído. Isso levanta a possibilidade de existirem múltiplas versões da cidade.
Sabemos que a Generic Terra trabalha com a replicação de consciências humanas, mas seria esta Kowloon apenas uma simulação digital? Provavelmente não. Hebinuma observa que Kujirai A carrega a mesma marca de nascença de sua versão anterior, algo improvável em clones comuns. Além disso, o experimento cruel com o Sr. Chan mostra que trazer alguém de fora para dentro da cidade faz com que sua "cópia" desapareça instantaneamente, indicando que existe uma dimensão física real em jogo.
Kujirai e a crise de identidade
Enquanto isso, Kujirai A tenta não entrar em colapso emocional. Quando Kudo oferece contar a verdade sobre a antiga Kujirai, ela recua — talvez temendo que o conhecimento possa apagá-la também. É uma reação compreensível: ela mal começou a processar que pode ser uma substituta de alguém que já morreu.
Sua conversa com Yaomay reforça um dos temas centrais da obra: o desejo de se tornar um "Eu Absoluto", uma pessoa que existe por si mesma, não apenas como uma sombra de outra. Assim como Yaomay remodelou sua aparência para criar uma nova identidade, Kujirai também busca se libertar de um passado que nem é dela.
Zirconianos e a pergunta que não quer calar
Descobrimos que o processo da Generic Terra cria os chamados "Zirconianos" — seres que não são exatamente clones, mas réplicas imperfeitas, como o zircônio cúbico é em relação ao diamante. Isso levanta a questão: importa se alguém é um Zirconiano, se ainda é amado e reconhecido como real? A história sugere que talvez não — e isso adiciona ainda mais camadas de complexidade à trama.
Kudo, Hebinuma e Gwen parecem ser "forasteiros", vindos de fora de Kowloon, todos conectados pelas memórias de outra Kujirai. A grande dúvida agora é: qual será o destino de Kujirai A? Especialmente após a sombria confissão de Kudo no final do episódio, que termina com aquele típico gancho doloroso que o mangá também sabe fazer tão bem.