Black Butler – Episódio 8: A Fúria de Sebastian e a Verdade Sobre Sieglinde

Há uma razão para tudo na vida de Sieglinde ter sido apresentado como um conto de fadas ou um livro ilustrado: tudo foi fabricado. Mais do que isso, foi construído como uma fantasia para manipulá-la, mantê-la presa e entusiasmada com sua própria prisão. Não era ciência, era “magia”; não era uma arma, era uma “barreira”; ela não estava ferindo pessoas, estava “ajudando-as”. Toda sua existência foi uma mentira, forjada pela mãe em meio ao luto e ao fanatismo. Frau Sullivan nunca a viu como filha, mas como a reencarnação do pai, um instrumento para continuar seu trabalho — queira ela ou não.

E convenhamos, o título do episódio já alertava que coisa boa não viria. Não é “Seu Mordomo, Feliz” ou “Seu Mordomo, Contente”, é “Seu Mordomo, Furioso” — e se até um demônio está furioso, é porque o horror foi grande. Sebastian sempre demonstrou prazer ao atuar como mordomo de Ciel, mas sua raiva aqui é genuína. Pode até ser que a maioria dos demônios não se importe com a dor humana, mas após tanto tempo na Mansão Phantomhive, convivendo com seus excêntricos e feridos habitantes, Sebastian parece ter desenvolvido um traço raro: empatia.

A forma como ele elimina a anciã — Frau Sullivan — e seus asseclas não é apenas demoníaca, é uma punição calculada. Não por diversão gratuita, mas porque eles mereciam. E isso torna seu trabalho ainda mais doce. Já Sieglinde se junta ao grupo dos feridos que orbitam Ciel. Tal como Finny e, possivelmente, o próprio Ciel, ela foi prisioneira de experimentos quando ainda era apenas uma criança. A diferença é que, enquanto Finny nunca teve a ilusão de liberdade, Sieglinde acreditava estar no controle, cercada de mentiras cuidadosamente arquitetadas.

É por isso que sua reação inicial, ao saber da verdade, é pedir que Ciel a mate. Como seguir em frente após tudo o que fez — mesmo que sem intenção? A resposta vem do próprio Ciel: suas habilidades podem ser usadas para salvar, não apenas para ferir. Como Maomao diria, veneno e remédio são faces da mesma moeda — e Sieglinde precisa compreender isso para não se afundar na culpa e no trauma. Ciel vê nela alguém que merece um futuro. E apesar de todo o seu cinismo, ele ainda é um garoto com um bom coração.

Mas o perigo ainda ronda. Sua mãe pode estar morta, mas metade do exército alemão vivia naquela vila, e agora estão abandonando os disfarces e vestindo os uniformes. O único que parece se importar genuinamente com Sieglinde é Wolfram, e sua luta será interna: entre seu senso de justiça e sua formação militar. Frau Sullivan dizia que o coração atrapalhava o progresso científico — e agora Wolfram precisa provar o contrário.

Se há um ponto positivo em meio a todo esse horror, é a forma como a série está “acelerando” a história: ao aproximar mais rapidamente a Primeira Guerra Mundial, a psicologia clínica também se desenvolverá mais cedo. Sieglinde vai precisar dela. E talvez Wolfram também, se sobreviver.

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