Com o episódio desta semana, temos uma estrutura clara: um enredo A e um enredo B. O enredo principal acompanha Konoha e seu processo de crescimento pessoal. Pode até ser fácil esquecer, com tantos ninjas e assassinatos em cena, mas Konoha é, tecnicamente, uma estudante do ensino médio — ainda que isso seja só um disfarce em seu caso. Junto com seus colegas, ela é confrontada diretamente com a pergunta: “O que você quer fazer pelo resto da sua vida?”
Sabemos que Konoha tem um objetivo — e até sabemos qual é, mesmo sem entender ainda seus motivos. Mas mesmo que ela consiga matar seu caminho até o topo como a maior assassina do Japão, o que vem depois? Essa dúvida a coloca na mesma posição que tantos outros adolescentes (exceto talvez uma certa ninja folgada que vive às custas de outra mulher para sobreviver).
É justamente por essa insegurança em relação ao futuro que Konoha começa a se conectar com seus colegas. Aoi quer ser médica para tirar a família da pobreza. Já Aoko luta para sobreviver sozinha no colégio — afinal, Konoha matou seu pai no primeiro episódio, casualmente. As três enfrentam obstáculos quase intransponíveis, mas saber que não estão sozinhas nessa batalha traz consolo.
Claro, abrir-se um pouco não impede Konoha de aceitar o contrato para eliminar Aoi quando a missão chega. Porém, pela primeira vez, ela sente culpa — uma culpa que quebra sua frieza habitual quando vê como feriu Aoko ao remover mais um pilar de sua rede de apoio. O episódio termina com Konoha e Satoko distribuindo panfletos para encontrar uma garota que já está morta e esquecida.
Enquanto isso, na frente cômica, temos o enredo B centrado em Satoko — uma sátira afiada sobre os vícios modernos. Em tempos de internet, tudo parece feito para explorar brechas na mente humana. Um exemplo claro são os jogos gacha. Você coloca dinheiro, gira, ganha personagens ou itens e sente-se especial. Isso, somado à famosa “falácia do custo afundado”, faz com que continue investindo em algo que não tem valor real.
Redes sociais operam de forma semelhante. Você posta, ganha curtidas, se sente bem — e repete o ciclo, indo cada vez mais longe em busca de validação. Muitas vezes, a solução é apelar para o velho bordão: “sexo vende”.
Tanto gacha games quanto redes sociais confundem recompensa com diversão genuína. Satoko aprende isso na prática neste episódio. E é apenas quando ela faz algo simplesmente por prazer que encontra real felicidade. Claro que ela ainda posta sobre o novo hobby, então só o tempo dirá se conseguirá manter o foco no que realmente importa.
Ambos os arcos tocam na busca pelo que dá sentido à vida. Para alguns, isso vem do trabalho. Para outros, de amigos. Para outros ainda, de um passatempo. Não existe resposta errada — e nem saber ainda o que quer é uma falha, desde que você continue procurando. Desistir ou se distrair a ponto de parar de buscar? Esse sim é o verdadeiro desperdício... especialmente em um mundo onde ninjas e assassinos matam por qualquer motivo.
Observações aleatórias:
- Sério mesmo: quem teria motivo e grana pra contratar a morte de uma garota de 17 anos?
- Nada de “ninja da semana” atacando do nada? Essa série está perdendo o ritmo.
- Não consigo jogar gacha games. Mesmo sem gastar dinheiro, o vício em login diário me pega. Só largando tudo de vez.
- Gostei muito dos momentos entre Satoko e Konoha neste episódio. A amizade com Roboko abriu a mente de Konoha, e ajudá-la com um hobby está tocando algo profundo nela.