Ishura 2ª temporada – Review completa (episódios 13-24)

Na análise que fiz da primeira metade de Ishura no ano passado, comentei: “A maior frustração é que o tão prometido torneio para decidir o ‘Verdadeiro Herói’ nem começou, sendo toda a temporada um grande prólogo.” Mal sabia eu que a segunda parte manteria exatamente o mesmo padrão. Depois de 24 episódios e nada menos que 97 personagens nomeados apresentados, o torneio central sequer começou. Só no episódio final, a narração cita os dezesseis principais candidatos a “Shura”.

Não lembro de ter visto outro anime tão firme em seguir uma estrutura tão incomum. Embora várias tramas centrais estejam bem costuradas ao longo desta temporada, quase todos os episódios continuam introduzindo novos personagens e expandindo ainda mais o gigantesco elenco. Juntas, as duas partes de Ishura criam um feito quase incomparável de construção de mundo ampla e complexa — algo que só vi em obras como As Crônicas de Gelo e Fogo de George R. R. Martin (e estou falando dos livros, não da versão simplificada de Game of Thrones).

O verdadeiro gênio de Ishura é que, apesar de tudo isso, a série nunca fica entediante. Um pouco esmagadora? Sim. Principalmente para quem tenta entender as relações entre tantos personagens e lembrar quem é quem e quais são seus objetivos. Mas, de alguma forma, todas as histórias são cativantes. Não me cansei de nenhum personagem novo — pelo contrário, muitas vezes desejei que tivessem mais tempo em tela.

Entre os destaques, Mele, o Arqueiro do Rugido do Horizonte, dispara flechas do tamanho de sequóias com poder de armas nucleares. Kuuro, o Cauteloso, teme estar perdendo seu poder de clarividência e sua relação com a pequena homúnculo Cuneigh é especialmente doce. Mestelexil, a Caixa do Conhecimento Desesperado, é um mecha infantil e sempre à beira da insanidade. Para os fãs de vampiros, Linaris, a Obsidiana, é uma manipuladora maquiavélica, enquanto Hiroto, o Paradoxo, é um mestre da manipulação política. E claro, temos Psianop, uma criatura gelatinosa tão poderosa que parece uma versão turbinada do Rimuru Tempest.

Cada um desses personagens é tão único e interessante que facilmente poderiam sustentar uma série própria. Apesar da trama principal ter avançado pouco, aprendemos muito mais sobre a história do mundo e as várias facções envolvidas. Enquanto o Reino de Auretia planeja o torneio para escolher o Verdadeiro Herói, outras nações e organizações já preparam seus próprios esquemas. O drama complexo é praticamente inevitável, e considerando que a série de light novels continua muito além do que vimos, só podemos torcer para que o anime ganhe novas temporadas.

Visualmente, a segunda parte mantém o nível da primeira, com animações de ação espetaculares e exageradas que lembram muito a franquia Fate. Quem gosta do estilo da TYPE-MOON provavelmente vai gostar de Ishura, enquanto aguarda sabe-se lá quando sairá o próximo episódio de Fate/strange Fake. Cada episódio oferece pelo menos um momento de espetáculo visual ou uma reviravolta inesperada.

Meu único problema técnico foi a ausência de tradução para os textos na tela nas transmissões do Disney+/Hulu. Enquanto os personagens principais são apresentados pelo narrador, personagens menores muitas vezes aparecem com texto em japonês que não é traduzido, o que pode dificultar para quem não entende o idioma.

No geral, Ishura exige atenção total do espectador e talvez até mereça uma segunda assistida antes de uma possível próxima temporada. Não é um anime para assistir enquanto rola o feed do celular ou realiza outra tarefa. Com tantos elementos de fantasia, ficção científica, isekai, sobrenatural e batalha royale misturados, manter o foco é essencial. E já fico me perguntando: qual seria meu nome completo em Ishura? Algo como "Cormack, o Nerd Obsessivo de Animes". Acho que daria até para colocar na lápide.

Nota final

  • Geral: 8,5/10
  • História: 8,5/10
  • Animação: 9/10
  • Arte: 9/10
  • Música: 9/10

Pontos positivos: mundo vasto e fascinante, grande elenco de personagens interessantes, animação de ação excelente. Ponto negativo: tanta informação que perder o foco por um minuto pode deixar algumas tramas incompreensíveis; o conflito principal ainda nem começou após 24 episódios.

Para quem busca mais séries com mundos ricos e ação de qualidade, confira também nossa análise de Daily Life of a Middle-Aged Online Shopper e a review completa de Moonrise (ONA).

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