Lutar é algo incrivelmente estiloso em Wind Breaker, mas como sempre se pergunta: por que você está lutando? No episódio 22, essa questão ganha mais profundidade ao focar em Kanji e seu confronto contra a Roppo Ichiza, tudo em nome da proteção de Keisei Street e de Shizuka. No entanto, o que move esse desejo de lutar até as últimas consequências? A série sugere que, às vezes, a luta não é por vitória, mas por sobrevivência — ou mesmo sacrifício. E Kanji está pronto para isso.
Kanji está disposto a se sacrificar — e a arrastar consigo parte de sua equipe nessa entrega emocional. Sakura, observando tudo, percebe o quão imprudente é esse pensamento. Para ele, proteger alguém não deve ser sinônimo de colocar todos na linha de frente. Essa diferença de ideologia marca bem os contrastes de liderança entre Furin e a Roppo Ichiza. A chegada de Tsubaki no campo de batalha representa um ponto de virada importante, mas antes disso, Shizuka é quem precisa agir.
E é aqui que o episódio tropeça. A motivação de Shizuka — parar a luta e impedir que outros se machuquem por sua causa — é compreensível, mas a execução narrativa é apressada. A personagem aparece envolta em trilha dramática, faz seus gestos de mártir, mas sem que o público tenha tido tempo suficiente para sentir o impacto disso. Falta profundidade, falta ritmo no desenvolvimento emocional dela, algo que a série vinha entregando bem nos episódios anteriores.
O passado de Shizuka, revelado tardiamente, tem elementos fortes: vinda de um distrito pobre, vendida e depois fugida — uma origem semelhante à de membros da GRAVEL. Mas essa revelação surge quando a personagem já repetiu três vezes que deseja se sacrificar. A estrutura narrativa parece atropelada, como se pulasse etapas importantes para chegar ao drama final. E o pior: ao “assumir o controle”, Shizuka acaba apenas reafirmando o que todos já estavam fazendo por ela.
Em contrapartida, a chegada de Tsubaki reacende o dinamismo da luta. Sua coreografia inspirada em dança, bem como o ritmo dos gêmeos Uryu e Seiryu, trazem uma energia nova para a tela. A sincronia entre os dois é impressionante e, apesar de ser um clichê de duplas lutando em uníssono, funciona incrivelmente bem. Tsubaki também reforça a ideia de que autoconfiança e aceitação são armas tão importantes quanto socos, o que contrasta com a insegurança de Shizuka.
Apesar de visualmente atrativo e com boas ideias sobre sacrifício e confiança, este episódio marca um leve declínio em relação ao anterior. A luta e o ritmo permanecem bons, mas o núcleo emocional — que deveria dar peso a tudo — escorrega. Ainda assim, com o gancho deixado para a próxima semana, há espaço para recuperar o fôlego.