O episódio desta semana de Mobile Suit Gundam GQuuuuuuX foi um enorme e coletivo “Ah!” Ah, então é isso que está acontecendo aqui. Ah, então é isso que significa a Rosa de Sharon. Ah, então é isso que Zeknova representa. Ah, então é por isso que os nomes GQuuuuuuX e GFreD soam como variáveis metassintáticas. Está tudo se encaixando — e Machu está no lugar certo, na hora certa, para finalmente resolver o mistério. Já ultrapassamos em muito os episódios em que a dúvida era se essa série fazia sentido para novatos ou era exclusiva para veteranos calejados da franquia. Quando a pergunta é “Essa série é uma continuação do Universal Century, um universo alternativo ou uma fanfic?”, a resposta agora é um retumbante: “SIM, tudo isso!”
Mesmo meu conhecimento da história da Lalah não me ajudou aqui. O que Gundam GQuuuuuuX está fazendo agora ultrapassa completamente uma linha do tempo divergente — tudo acabou de ficar quântico. Esse episódio me fez repensar toda a minha compreensão da série até agora.
A abertura com Machu mergulhando em direção à Terra (lembrando muito um certo cometa vermelho…) foi o prenúncio de algo grande, mesmo sem esclarecer imediatamente como ela escapou. Com pouco tempo restante nessa temporada, esperava menos explicações. Mas a sequência no misterioso e nada sutil Kabas Estate — onde mulheres de lingerie aguardam “amantes” uniformizados — nos leva a um curioso interrogatório silencioso. Machu não diz uma palavra, mas Challia Bull interpreta cada uma de suas “respostas”. É coisa de Newtype? Pode ser. Mas talvez Challia seja só absurdamente perceptivo, e Machu, um livro aberto. Ao receber mensagens misteriosas no celular, Challia permite que Machu escape — e com razão, já que ela o levaria direto até a Rosa de Sharon.
Para quem não conhece Mobile Suit Gundam (1979), aqui vai um resumo: Lalah foi resgatada por Char de um bordel na Índia, levada ao Instituto Flanagan por seu potencial como Newtype, e tornou-se tanto sua amante quanto piloto da Elmeth. Também amava Amuro, e se sacrificou por ambos. Sua frase final? “Eu posso ver o tempo!”
Ela compartilha quase toda essa história com Machu, o que transforma o impacto dependendo do seu nível de familiaridade com a franquia — mas o momento do reveal visual de Lalah é impactante de qualquer forma. Aqui, ela é uma anomalia: existe também uma versão dela presa na Elmeth submersa, congelada no tempo. Suas visões, que suas criadas dizem ser do futuro, parecem mais vindas de universos paralelos. Isso leva à hipótese: será que “Zeknova” é o salto violento de um piloto entre realidades? E será que os Gundams têm nomes de variáveis porque são literalmente placeholders capazes de se encaixar em múltiplos universos?
“Serei livre… se eu for para o espaço”, diz Lalah a Machu. A frase é o oposto exato do que Machu vem dizendo desde o começo — que só seria livre se fosse para a Terra. O episódio, como toda a série, é um estudo de opostos: Lalah e Machu, Nyaan e sua condição de refugiada versus os privilégios de Machu, Challia e sua busca por Char, que fugiu para outro universo. Até Lalah e sua outra versão se opõem: “Meu eu do outro lado está apaixonado”, diz ela.
Estamos no ponto em que Mobile Suit Gundam GQuuuuuuX começa a mostrar suas cartas — e eu gosto do que vejo. A série constrói sobre tudo que veio antes, mas está criando algo completamente novo. Machu deixou de ser uma colegial mimada jogando com o perigo e se transformou na protagonista da sua própria história. Mal posso esperar para ver o que ela fará a seguir.