“Death on Two Legs” parece zombar do próprio público ao transformar quase todo o episódio em uma audiência governamental onde a pergunta central é: “Lazarus está apenas desperdiçando tempo em perseguições inúteis que nada têm a ver com encontrar o Dr. Skinner?” E, para piorar, essa autorreflexão não redime o roteiro — só acentua o quão perdida a narrativa tem sido até agora.
No final do episódio, Dr. Skinner finalmente aparece com sua primeira mensagem desde a estreia, lembrando ao mundo que faltam apenas dez dias para que a bomba temporal do Hapna o mate — e com ele, qualquer chance de cura para o restante da humanidade. A alegoria com o colapso ambiental e a inércia política global não poderia ser mais óbvia. Mas diferentemente de críticas inteligentes, aqui a mensagem soa forçada, quase como uma desculpa para justificar o caos narrativo.
O episódio tenta pintar Skinner como um avatar das falhas da humanidade — algo entre Jigsaw de Saw e o “alien” de Watchmen —, mas a analogia desmorona. Skinner é um supervilão de desenho animado com uma droga mágica que vai matar todo mundo, não um espelho complexo da sociedade moderna. A série quer parecer profunda e filosófica, mas entrega um thriller de ação B com lógica frouxa.
E o que dizer do governo? A audiência inteira se resume à seguinte sequência:
- GOVERNO: “Vocês cometeram abusos e não chegaram a lugar nenhum, por quê?”
- LELAND: “Porque o mundo inteiro vai morrer em dez dias.”
- GOVERNO: “Não confiamos mais em vocês.”
- SKINNER: “Oi, sou o Skinner. Todo mundo vai morrer em dez dias.”
- GOVERNO: “Mudamos de ideia. Continuem tentando.”
Sim, é exatamente isso. Todo o enredo poderia ser resumido em meia página de roteiro. E o pior? Quando enfim temos uma cena de ação empolgante — um assassino matando soldados com uma faca e um pedaço de corda —, a pergunta que assombra tudo é: por que gastar tanto para matar Axel Gilberto?
A única coisa que sabemos sobre Axel é que ele gosta de escapar da prisão e sabe dar piruetas. Então por que investir milhões em um assassino para testá-lo em cima do corpo desse cara? Se o objetivo era sabotar Lazarus, havia alvos mais relevantes. Se o objetivo era apenas treinar o assassino, bastava usar um saco de pancadas.
A verdade é que *Lazarus* parece perdido entre querer ser uma crítica filosófica à sociedade e um desenho de ação absurdo. E essa indecisão narrativa está levando tudo para o abismo. Ou escolhe um lado, ou termina sendo um apanhado de episódios que parecem resumos animados da Wikipédia — com animação bonita e lógica inexistente.