A cada novo capítulo de Lazarus, cresce o estranhamento com a escolha de contar uma história com prazo definido — 30 dias até o colapso da humanidade — por meio de episódios quase independentes, com tramas que raramente se conectam. A promessa de uma narrativa tensa e interligada, feita no primeiro episódio, parece cada vez mais uma lembrança distante. Em vez disso, temos uma sequência de aventuras que poderiam ser assistidas em qualquer ordem, sem prejuízo à compreensão da história. Funciona em séries como Cowboy Bebop ou Space Dandy, mas aqui soa como desperdício.
Uma pequena recuperação… talvez?
Depois de tropeços embaraçosos — o episódio da seita folk-horror sendo um ponto baixo doloroso —, “Almost Blue” ao menos entrega um episódio assistível. Não é brilhante, nem chega perto disso. Mas se os últimos capítulos pareciam delírios fora de controle, este aqui pelo menos mantém o trem nos trilhos. É pouco, mas é algo. O grande destaque vai para a atmosfera e o ritmo contemplativo, mesmo que isso venha à custa de qualquer avanço real na trama.
O enredo que mal existe
A sinopse do episódio caberia em uma única frase: “A equipe descobre que Skinner comprou ilhas que agora estão submersas devido ao aquecimento global, e então eles colocam roupas de banho e vão mergulhar.” Axel até encontra uma informação curiosa sobre a antiga população das ilhas — pessoas nascidas sem a capacidade de sentir dor — que talvez tenha inspirado o Hapna. Mas isso soa como mais uma daquelas curiosidades pseudo-científicas que alguém achou em uma noite de Wikipedia e jogou no roteiro. Não desenvolve Skinner, não sustenta comentário social algum, e dificilmente será lembrado.
A trilha sonora que salva o dia
Grande parte do episódio é composta por montagens, cenas silenciosas e introspecções visuais. E é aí que Lazarus surpreende — quando abandona a pretensão de ser um thriller sci-fi grandioso e se transforma em um videoclipe estendido. A trilha sonora, como sempre, é excelente, e aqui ela dita o tom com uma precisão que o roteiro não alcança. Ironicamente, o comentário ambiental — o impacto do aquecimento global, a indiferença da humanidade diante do colapso — é mais eficaz nesses momentos contemplativos do que nos diálogos apressados dos episódios anteriores.
Mais uma migalha de enredo… que pode nunca levar a nada
Nos minutos finais, somos lembrados de que Hersch talvez tenha uma conexão mais direta com Skinner do que sabíamos. É uma daquelas revelações que prometem mais do que cumprem. Já vimos tantas pistas serem esquecidas no episódio seguinte que fica difícil se importar. Se for relevante, ótimo. Se não for, entra para a pilha de ideias abandonadas que a série coleciona.
Conclusão: um passo no rumo certo, mas a confiança ainda está abalada
No fim das contas, o episódio 7 não chega a ser uma redenção, mas é um respiro. Uma pausa contemplativa em meio ao caos narrativo que Lazarus vinha apresentando. O problema é que esse breve alívio não apaga o histórico recente da série — e quem acompanha de perto já aprendeu a não criar expectativas. Até mesmo diretores lendários como Shinichirō Watanabe têm seus tropeços, e este projeto, infelizmente, ainda está muito mais perto da frustração do que da genialidade. Se tiver dúvidas, é só revisitar o tal episódio da seita. Mas, por hoje, vamos aceitar esse pequeno avanço e esperar, com cautela, o que virá a seguir.