Desde o início desse arco, ficava claro que alguém estava moldando Yang Cheng para se tornar o novo E-Soul. No começo, tudo indicava que o próprio E-Soul estava por trás da substituição — afinal, o concurso dos dublês no 34º aniversário parecia feito sob medida para encontrar o sucessor perfeito e libertar o herói veterano do fardo da máscara. Depois, a narrativa apontava para Shang Chao, o garoto popular com recursos, contatos e aparência de protagonista patrocinador. Mas ambos eram apenas pistas falsas. O verdadeiro maestro por trás de tudo? Ninguém menos que o simpático tio do café: Uncle Rock.
O xadrez sombrio de Uncle Rock
O discurso final sobre a “Cadeira Especial do Amor” não deixa dúvidas: Uncle Rock é o típico vilão arquiteto. Não força os movimentos — altera o tabuleiro até que todas as peças se movam por vontade própria, do jeito que ele quer. Cada elemento dessa trama — desde o concurso de dublês até o sequestro de Little Pomelo, passando pelo assassinato de Shang Chao — foi milimetricamente planejado por ele. As provas estão por todo lado: os seguranças do café viraram capangas; a câmera que “flagra” Yang Cheng é do próprio estabelecimento; o assassinato, executado por chantagem; a ideia de destruir E-Soul, plantada e executada por Rock.
A genialidade — e crueldade — do plano é que em nenhum momento Uncle Rock obriga Yang Cheng a fazer qualquer coisa. Todas as decisões parecem ter vindo dele mesmo. O herói que surge do caos acredita que tudo foi escolha sua, quando na verdade, foi manipulado até o último detalhe.
Por que tudo isso? Por que Yang Cheng?
A resposta é simples: controle. Uncle Rock quer um super-herói de elite que atenda a seus interesses — mas em vez de criar um do zero, ele preferiu sequestrar o legado de um já consagrado. E quem melhor do que Yang Cheng para isso? Um órfão vulnerável, excluído, emocionalmente carente e com um complexo de herói profundamente enraizado desde que foi salvo por E-Soul ainda criança. Ele é o peão ideal: fácil de seduzir com promessas e ainda mais fácil de quebrar quando tudo lhe for tirado. E quando o que sobra é apenas uma figura paterna manipuladora estendendo a mão, a rendição é inevitável.
A culpa que Yang Cheng se recusa a encarar
Mesmo sendo vítima de uma teia de manipulações, Yang Cheng não é inocente. O episódio deixa claro: ele poderia ter salvado Shang Chao, mas hesitou. Movido por inveja, ciúmes e ressentimento, deixou que o momento passasse — e o outro garoto morreu. Shang Chao nunca foi hostil com Yang Cheng. Pelo contrário, sempre o apoiou. Mas, no fundo, Yang Cheng via nele tudo que sentia que nunca teria. E diante disso, cedeu à sua pior versão. A consequência direta disso é o desejo de matar E-Soul — não porque tenha provas de sua culpa, mas porque precisa desesperadamente de um vilão para culpar por tudo que perdeu. Inclusive a si mesmo.
Notas e observações soltas
- Finalmente, uma cena de headshot que realmente teve impacto. Demorou, mas veio.
- O momento em que vemos Uncle Rock “vendendo” o café para ajudar Yang Cheng foi uma das melhores armadilhas narrativas — parecia altruísmo, era apenas fachada.
- O tiro em Moon ainda levanta dúvidas. Mas considerando o perfil de Uncle Rock, tudo indica que foi mais um de seus movimentos para desestabilizar Lin Ling — um herói espontâneo e impossível de controlar.
- Com esse ritmo de 3 ou 4 episódios por personagem, parece improvável que veremos o torneio de fato nos 24 episódios prometidos. Mas, honestamente? O que estamos recebendo até agora já está bem acima da média.
Conclusão
To Be Hero X entrega neste episódio seu golpe mais profundo até agora — não na forma de uma batalha épica, mas em um plano de dominação emocional sutil, preciso e cruel. Uncle Rock é um vilão memorável não pela força, mas pela manipulação. E Yang Cheng, ao mesmo tempo vítima e cúmplice, simboliza bem até onde o desejo de ser alguém pode nos tornar reféns de quem nos oferece exatamente isso. A série continua se provando imprevisível e provocativa — e é exatamente isso que a torna tão fascinante.