SHIROHIYO – Reincarnated as a Neglected Noble: Primeiras impressões emocionais

No mar de isekais que a cada temporada surgem como clones uns dos outros, SHIROHIYO – Reincarnated as a Neglected Noble não tenta reinventar o gênero — mas também não o trata como um simples molde vazio. Os cinco primeiros episódios constroem algo surpreendentemente emocional a partir de uma estrutura familiar, e é isso que garante à série um charme próprio, mesmo em meio aos velhos clichês de sempre.

Um novo começo, com lembranças antigas

Ageha é um menino de cinco anos, herdeiro de uma família nobre e cercado de luxo — mas não de amor. Após acordar de uma febre, ele recupera memórias de sua vida anterior no Japão. Ex-otaku, cosplayer e alguém com forte inclinação para trabalhos manuais, ele encontra nesses hobbies uma forma de preencher o vazio deixado por pais que o negligenciam de forma quase criminosa. Sim, ele tem conforto, alimentação e um tutor dedicado (Alexsei Romanov, um elfo que poderia muito bem ser extraído de um romance histórico europeu), mas o afeto… esse passou longe.

Tudo muda quando seu pai reaparece com Regulus, seu meio-irmão de três anos, fruto de uma relação com uma amante já falecida. Em vez de reagir com ciúmes, Ageha se encanta pela criança e decide se tornar a figura fraterna que ele nunca teve. É um momento simples, mas poderoso: ao tentar dar a Regulus a infância que ele mesmo não teve, Ageha encontra um propósito que vai além do próprio sofrimento.

Manipulação, magia e maternidade ausente

O ponto de virada mais tenso vem quando Regulus quase é assassinado por uma serva — a mando da mãe de Ageha. Sim, o anime não mede palavras: a intenção era matar a criança empurrando-a escada abaixo. É Ageha quem salva o irmão, conquistando sua confiança para sempre. Com maturidade vinda de sua vida passada, ele negocia com os pais e o tutor para que Regulus permaneça com ele, e assim, aos poucos, forma uma família de verdade — feita de afeto real, não de convenções sociais.

E claro, como não poderia deixar de ser, há também um toque divino na fórmula. Ageha chama a atenção de Hyakka, deusa da cura, que ativa seus "nervos mágicos", permitindo-lhe desenvolver habilidades raras: Green Hand (afinidade com o cultivo) e Blue Hand (dom para trabalhos manuais e artesanato). Em vez de usá-las para benefício próprio, Ageha traz novas ideias ao mundo: livros ilustrados, origami, ópera e até tipografia. Tudo para compartilhar cultura, não para ganhar status.

Visual misto, mas com coração

Do ponto de vista técnico, Shirohiyo não impressiona. A arte de Hyakka é belíssima, mas Ageha por vezes parece estar dentro de uma fantasia inflável, tamanha a desproporção do design. A animação também toma muitos atalhos. Mas por outro lado, o anime se afasta de dois grandes pecados do isekai: não há escravidão romantizada nem adultas apaixonadas por um menino com mente de adulto. Isso, por si só, já torna a experiência mais saudável e até revigorante dentro do gênero.

Conclusão

SHIROHIYO – Reincarnated as a Neglected Noble não vai converter quem detesta isekai, mas também não merece ser descartado como “mais um do mesmo”. Com toques delicados, uma relação fraterna comovente e um protagonista que quer proteger em vez de dominar, a série entrega uma história honesta e acolhedora. Não é inovadora, mas é sincera — e às vezes, isso basta para valer a pena.

Nota geral: 6,5
História: 7
Animação: 6
Arte: 6
Música: 7
+ Ageha tem motivações humanas e afetuosas; boas ideias culturais; evita os piores clichês do gênero.
Visual inconsistente; narrativa previsível; falta de ambição estética.

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