Lazarus – Episódio 8: Estilo Sem Emoção e Ação Sem Tensão

É bastante irônico o quanto o marketing de Lazarus fez questão de destacar a participação de Chad Stahelski como coordenador de ação da série, considerando que ela consistentemente falha em demonstrar justamente a principal qualidade que tornou o trabalho dele em filmes tão icônico: tensão. Não me entenda mal — a coreografia, o storyboard e a animação das lutas em Lazarus são excelentes. Mas, como demonstra o episódio “Unforgettable Fire”, nada disso importa de verdade se o público não embarca no jogo coletivo de faz de conta que toda boa história de ação propõe. Sim, a gente sabe que os mocinhos vão vencer na maioria das vezes. Mas o bom entretenimento de ação faz com que a gente se importe com isso — acelera o coração, prende a respiração, nos faz sentir cada golpe.

É o que Stahelski faz nos filmes de John Wick, por exemplo. Por mais absurdas que sejam as sequências, sentimos cada pancada que John leva. Momentos pequenos, como uma recarga apressada ou uma queda absurda, humanizam o personagem e mantêm a tensão. Já Lazarus nunca conseguiu atingir esse ponto. E isso é ainda mais grave para uma série que se apoia quase exclusivamente no espetáculo visual para compensar seus roteiros fracos.

No papel, “Unforgettable Fire” tinha tudo para ser um episódio marcante. A pausa na busca por Skinner para lidar com o sequestro de Christine pelos ex-colegas russos poderia trazer drama e intensidade. Mas como já ficou claro, o enredo maior de Lazarus pouco importa para os roteiristas. A revelação bombástica sobre Herche na semana passada? Totalmente ignorada aqui, como se nunca tivesse existido — e seria surpreendente se voltasse a ser relevante antes do final da temporada.

O problema central do episódio é, mais uma vez, a falta de urgência. As sequências de interrogatório de Christine são dolorosas e belamente animadas, mas nunca sentimos que a equipe Lazarus poderia fracassar em resgatá-la. A invasão à plataforma de petróleo russa até tem seus momentos visuais, mas a trilha sonora deslocada sabota qualquer tensão. Apesar do esforço dos animadores, a cena tem o impacto de um vídeo de lo-fi com garotas de anime estudando ao fundo.

O desfecho do drama de Christine também é anticlimático: sua ex-namorada e ex-superiora, a responsável por todo o conflito, morre de forma abrupta minutos antes dos créditos. É triste? Talvez. Mas como o episódio termina com uma montagem de todo mundo sorrindo como se tivessem acabado de roubar doces de uma loja, fica claro que o público não deve perder tempo sentindo empatia por ela. Na verdade, parece que Lazarus não quer que sintamos absolutamente nada.

E esse, talvez, seja o maior pecado da série: é bonita, brilhante, bem animada — mas vazia. Um anime que precisa de um milagre de última hora para salvar todo o seu potencial desperdiçado.

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