O seu artista favorito é uma IA: o curioso caso da banda The Velvet Sundown

Sucesso instantâneo… e sem rastro real

Em menos de um mês de existência, o quarteto The Velvet Sundown alcançou 400 mil ouvintes mensais no Spotify com dois álbuns — Floating On Echoes (5 de junho) e Dust and Silence (20 de junho) — lançados sem divulgação fora das plataformas. A falta de informações externas e de histórico da banda gerou desconfiança: seriam Gabe Farrow (voz, mellotron), Lennie West (guitarra), Milo Rains (baixo, sintetizadores) e Orion “Rio” Del Mar (bateria) reais?

Fotos de IA e elogios fictícios

Usuários notaram que as fotos promocionais lembram avatares criados por IA, e a biografia no Instagram cita reviews inexistentes da Billboard. Além disso, enquanto o Spotify mostra cerca de 1.500 seguidores, as audições mensais somam 325 mil — um descompasso típico de práticas de promoção artificial.

Playlists: atalho para enganar algoritmos

O músico Chris Dalla Riva mapeou o esquema no TikTok: 25 das 30 playlists em que a Velvet Sundown aparece são mantidas por apenas quatro contas (Extra Music, Solitude Collective, KULTPOP! e Lost Records). Listas como “Vietnam War Music” (629 mil salvamentos) e “The OC Soundtrack [All Seasons]” incluem dezenas de faixas da banda sem qualquer relação temática, fruto de uploads em massa via DistroKid.

IA na música: oportunidade ou ameaça?

Criar um projeto musical totalmente virtual não é ilegal. O risco está em inflar plays com bots — algo não comprovado aqui. A estratégia de usar playlists para hackear recomendações levanta debates sobre o impacto da IA na indústria. Embora faixas 100% geradas por IA ainda sejam minoria, casos como este demonstram seu potencial de alcançar o público em massa.

O paralelo conspiratório

O nome “Velvet Sundown” remete a um jogo de 2014 ambientado num iate cheio de conspirações, metáfora perfeita para a dificuldade de distinguir real de artificial no streaming. Enquanto artistas veteranos alertam para riscos criativos, outros exploram a IA como ferramenta. E você, consumiria música sem saber se ela foi feita por humanos?

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