Eu admito que o episódio instável da semana passada me deixou preocupado de que este seria um daqueles animes em que o temido clichê “só estilo e nada de conteúdo” se aplicaria. Shinichirō Watanabe é um diretor naturalmente talentoso que consegue transformar até mesmo uma ida ao DMV na coisa mais legal que você já viu, mas uma temporada inteira de anime precisa de mais do que visuais impecáveis e ação estilosa para se justificar.
Felizmente, “Don't Stop the Dance” não sofre desse problema. Pode ter levado um mês, mas Lazarus finalmente entregou seu primeiro sucesso inquestionável.
Para ser claro, este não é um episódio perfeito. Ainda é possível criticar que a história continua simples demais. Assim como nos episódios anteriores, a Equipe Lazarus persegue mais um potencial aliado ou traidor no esquema Hapna de Skinner, resultando em muita ação e um mínimo de pistas sobre os próximos passos. Dessa vez, a busca pelo hacker Doctor 909 revela apenas que a farmacêutica Delta Medicinal pode ter informações cruciais sobre Skinner.
Apesar disso, o episódio eleva a fórmula de Lazarus para “muito estilo e substância suficiente para entreter”. É uma diferença pequena, mas importante, para um anime que aposta pesado em animações deslumbrantes e trilha sonora de qualidade. Não preciso que Lazarus tente ser uma grande obra de arte; preciso apenas de roteiros que pareçam ter recebido ao menos uma segunda revisão.
Em “Don't Stop the Dance”, todos os desvios desnecessários e tentativas desajeitadas de crítica social foram eliminados, entregando um episódio ágil e envolvente. Não diria que aprendi algo profundo sobre a equipe de protagonistas, mas Doug e Leland marcam pontos sendo desajeitados em um clube sofisticado, o que já os torna mais simpáticos. Já Chris brilha enfrentando dois repugnantes empresários de tecnologia que traficam lixo de GenAI e cometem abusos em festas.
Se esse episódio provou algo, é que Shinichirō Watanabe odeia "yuppies" narcisistas das redes sociais tanto quanto qualquer um — e vê-los levarem uma surra foi altamente satisfatório.
Talvez no mundo real ainda não vejamos esse tipo de justiça contra os tecnocratas, mas, por ora, podemos reviver esse episódio quantas vezes quisermos. E se na próxima semana a Equipe Lazarus realmente enfrentar a indústria farmacêutica como promete, confesso: vou dar cinco estrelas se eles terminarem a missão recriando o final de Clube da Luta, só que com Big Pharma no lugar das empresas de cartão de crédito.