Na análise da semana passada, talvez eu tenha subestimado um pouco a importância da Hisui, mas tudo acabou se resolvendo muito bem. “Make Our Dreams Come True, Ranger Force” deu ainda mais destaque para ela — e que bom que deu, porque Hisui está rapidamente se tornando uma das adições mais marcantes desse elenco que só cresce. Eu tinha prometido a mim mesmo que manteria os comentários sobre o quanto essa temporada é superior à anterior no mínimo, então basta dizer: estou muito feliz em ver que a série finalmente está dedicando tempo para desenvolver os aliados do Fighter D como heróis completos e interessantes.
No papel, a origem da Hisui não parece tão original assim. Ela é mais uma integrante da Ranger Force traumatizada pela perda de entes queridos durante a guerra contra os Monstros e que encontrou, nas fileiras do esquadrão, uma maneira de buscar vingança. O que torna sua história eficaz é a forma como ela contrasta sua tragédia pessoal com o enredo do looping temporal em que todos estão presos. Hisui só queria ter uma infância normal, mas as circunstâncias não permitiram. Mesmo quando ainda era uma órfã de oito anos, ela não conseguiu escapar da espiral de violência e vingança que define quase todos os personagens da série. Isso explica por que ela encontrou tanto conforto na rotina aparentemente mundana do Esquadrão Verde e, ao mesmo tempo, adiciona ainda mais tensão ao disfarce contínuo do Fighter D.
Falando nisso, já que Hisui fingiu ter sido pega pelo feitiço de ilusão do Wakaba e do Magatia o tempo todo, ela viu quando Fighter D se transformou do velho policial para sua identidade habitual como Hibiki, certo? O olhar que ela lança para ele no final do episódio sugere que ela já sacou toda a verdade, embora isso pudesse ter sido comunicado de forma um pouco mais clara.
Para ser sincero, este episódio entregou praticamente tudo o que eu poderia querer de um novo capítulo de Go! Go! Loser Ranger!: roteiro envolvente, Fighter D sendo o trapaceiro genial que conhecemos e uma cena hilária em que um beijo entre dois homens salva todo mundo de uma morte certa. Se você descer um pouco e olhar a nota que dei para o episódio, verá que não é tão alta quanto poderia. Isso porque, mesmo com todos esses pontos positivos, não dá para ignorar que a qualidade da produção está ficando cada vez mais irregular. Estamos numa faixa constante entre C+ e B-, o que ainda não é desastroso, mas episódios como este já são suficientemente descuidados para que a estética comece a incomodar. Os modelos de personagens estão inconsistentes, a edição é apressada e o storyboard parece sempre cumprir apenas o mínimo necessário para comunicar ação e drama.
Então, apesar do excelente desenvolvimento narrativo, preciso segurar um pouco o entusiasmo. Não posso recomendar o anime sem ressalvas para quem ainda não embarcou na série, embora eu me sinta bem mais confiante em sugerir que essas pessoas confiram o mangá. Não é o endosso mais entusiasmado do mundo, eu sei, mas fazer o quê? O objetivo de uma adaptação em anime é dar vida à história com visuais vibrantes e direção criativa, e esse anime só consegue atingir esse objetivo em, talvez, metade do tempo.
Se quiser relembrar os momentos anteriores desta fase da história, confira também nossas análises do episódio 15 e dos episódios 13 e 14.