Em um mundo onde a humanidade está sendo dominada... por gatos, Night of the Living Cat propõe um apocalipse inesperado: um simples carinho felino transforma humanos em gatos. A civilização desmorona diante de uma invasão de miados, esfregadas e ronronares — mas será que essa piada consegue se sustentar por mais de vinte páginas?
Traduzido por Nan Rymer e com letras de Jaewon Ha, o mangá será adaptado em anime em julho de 2025, sob direção geral de ninguém menos que Takashi Miike — o diretor de obras como Ichi the Killer e o perturbador Audition. A expectativa de algo bizarro e memorável era grande, mas o que encontramos é mais próximo de um episódio estranho de Hello Kitty do que de um horror marcante.
Uma ideia divertida... por pouco tempo
A proposta brinca com a lógica de Night of the Living Dead, mas troca zumbis por gatos. No lugar de devorar carne humana, os felinos apenas se esfregam nos humanos, que se transformam em gatos também. A primeira vítima aparece já nas páginas iniciais, em uma cena que homenageia Day of the Dead, só que trocando as tripas por fofura. Funciona como um curta cômico, mas ao longo de um volume inteiro... o charme começa a ruir.
O protagonista é Gideon, um galã sem memória e fã incondicional de gatos, que surge após uma explosão em uma fábrica de ração felina. Ele é acolhido por Kaoru, dona de um café de gatos, e os dois acabam fugindo do “catpocalipse”. Gideon é uma enciclopédia ambulante de curiosidades sobre gatos, útil para o leitor, mas esvaziado como personagem.
Falta de profundidade e repetição
Mesmo com uma base criativa, a narrativa não desenvolve personagens ou conflitos significativos. Os cenários de “base sitiada” (como a cena no supermercado) carecem de tensão, e as piadas começam a se repetir sem evolução. Não há sangue, não há horror real — apenas uma avalanche de gatinhos que transforma o mundo em um paraíso peludo... ou uma piada estendida demais.
Visual caprichado, mas limitado
O traço é sólido. A arte é escurecida, mais dramática que a média dos mangás de comédia, com atenção especial aos gatos (em todas as poses possíveis). Já os humanos são genéricos e mal desenvolvidos, e as multidões são tratadas como figurantes sem rosto. Há algumas boas cenas de ação — como os saltos acrobáticos de Gideon — que podem ganhar vida no anime, se bem aproveitadas.
Conclusão: Catpocalipse cansativo
Night of the Living Cat tem uma premissa engraçada e visuais de qualidade, mas peca por esticar demais uma piada única. O humor se esgota rapidamente, os personagens são rasos e o roteiro não oferece motivos para investir na história. O título da “catástrofe felina” traduzido como catlamity diz tudo: é um trocadilho tão ruim que chega a ser hilário — por alguns segundos.
Nota Final:
- Geral: 4/10
- História: 4/10
- Arte: 7/10
- Pontos Positivos: Ideia criativa, ótimo traço para gatos
- Pontos Negativos: Personagens vazios, piada repetitiva, pouca tensão