Jinsei: análise do anime film de Ryūya Suzuki sobre vida e distopia


Sinopse

De nascer até morrer, cada pessoa carrega apelidos — às vezes cruéis. Jinsei acompanha a vida de um protagonista sem nome, que sobrevive a um atropelamento fatal na infância, cresce no submundo do entretenimento e, sem querer, alcança o topo. Enquanto lida com motoristas idosos, os bastidores sombrios da fama, mortes misteriosas de jovens e até guerra, ele passa por dezenas de gerações, mudando de apelido mas mantendo um olhar distante sobre o mundo.

Análise e Comentários

Em sua estreia como cineasta solo, Ryūya Suzuki demonstra ousadia digna de ON-GAKU: Our Sound — ele escreveu, dirigiu, animou, editou e compôs a trilha em 18 meses. O resultado? Um dos filmes de anime mais instigantes do ano. Há ecos de The Worst Person in the World na sensibilidade dramática e de 2001: A Space Odyssey na virada futurista, criando uma mistura única de cotidiano e abstração.

O protagonista, apelidado ora de “Deus da Morte”, ora de “Se-chan”, “Kuro” ou simplesmente “Zen”, vive cada capítulo da vida como se fosse um fragmento solto. Suzuki opta por contar sua história em blocos livres, sem costuras literais — você salta de infância em trauma para adolescência em busca de estrelato e chega ao auge da fama antes de se lançar em vislumbres de um futuro distante. Essa estrutura fragmentada pode cansar em alguns momentos, mas também reforça a ideia de que a vida é um fluxo imprevisível.

Na segunda parte, quando nosso herói se embrenha no mundo cruel dos idols, a crítica social é precisa: Suzuki expõe o preço da fama, exploradores de sonhos juvenis e a solidão que cresce com os holofotes. A atuação monótona de Ace Cool dá ao protagonista uma aura enigmática, como se cada palavra fosse um sussurro em meio ao caos.

Visualmente minimalista, com paleta contida e foco em expressões, Jinsei ganha leveza que cabia num projeto solo. Mas no terceiro ato, Suzuki vira 180°: o desenho explode em cores e formas, e a trama abandona a Terra em direção ao desconhecido. É um clímax deslumbrante, embora sacrifique parte da simplicidade que cativou nos primeiros atos.

No balanço, Jinsei é uma experiência ousada: enquanto contempla o poder dos nomes e o absurdo da existência, deixa pistas sobre o futuro do Japão e da animação independente. Mesmo que perca fôlego em seu voo final, o filme marca Suzuki como um nome a acompanhar de perto.

Avaliação

  • Enredo: 7
  • Animação: 9
  • Arte: 8
  • Música: 8
  • Nota geral: 8

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