My Status as an Assassin Obviously Exceeds the Hero's: Episódios 1 a 3 mostram um início clássico e envolvente

Fiquei surpreso ao ver que My Status as an Assassin Obviously Exceeds the Hero's teria análises semanais — mas, pensando bem, nem tanto. Esse anime carrega aquele charme retrô que muitos sentem falta. Basta olhar para o estilo visual: longe das paletas de cores super saturadas (ou genéricas) dos animes modernos, aqui há um cuidado especial com sombras, luzes e contrastes. Tudo remete à era de ouro dos OVAs e filmes dos anos 80 e 90 — lembrando produções como Record of Lodoss War. Mas o estilo clássico vai muito além da estética.

A própria história parece ignorar completamente o fato de que os animes isekai dominam o gênero há mais de uma década. Ela segue alguns clichês, subverte outros e trata seu enredo com uma seriedade que raramente vemos hoje. É exatamente por isso que esses três primeiros episódios funcionam tão bem.

Um herói, um assassino e um mundo perigoso

A série traz um duplo twist no conceito tradicional de isekai. O primeiro é o transporte de uma sala de aula inteira para outro mundo. O segundo é o protagonista, Akira, que logo percebe que todo esse papo de “invocar heróis para derrotar o Rei Demônio” tem algo muito errado — enquanto seus colegas se deixam levar pela fantasia do poder. Mesmo ao descobrir que suas suspeitas eram justificadas, Akira enfrenta o fato simples e cruel: ele é um estranho em uma terra desconhecida. Sim, ele é mais forte do que o herói, como o título sugere. Mas e daí? Sua força não o levará de volta para casa — e tampouco o fará sobreviver sozinho.

Perda, vingança e novos laços

É aí que surge Saran. Apesar de aparecer por pouco tempo, a série faz um ótimo trabalho ao construir uma amizade poderosa entre os dois. Por isso, quando Saran é morto e Akira é acusado injustamente do crime, o impacto é imediato. Entendemos tanto seu objetivo a curto prazo (ficar mais forte nas masmorras) quanto o de longo prazo (vingar o amigo). É um ponto emocional que dá força ao enredo.

Mas quando Akira se vê completamente sozinho, ele encontra Amelia — uma jovem que ele salva dentro da masmorra e cuida até que se recupere. Eles não se tornam amigos de imediato, mas a dinâmica funciona porque ambos possuem a habilidade de appraisal, o que os permite saber que nenhum representa ameaça ao outro. Como os dois estão fugindo e vivendo em constante perigo, encontrar alguém em quem confiar se torna um raro alívio. Assim, faz sentido que sigam juntos — ao menos enquanto seus caminhos coincidirem.

O risco e o ritmo

O mesmo, no entanto, não pode ser dito de Yoru, a terceira integrante do grupo de Akira. Não é o fato de ela ser uma gata com poderes de metamorfose que incomoda — e sim o risco absurdo que Akira aceita correr para tê-la ao seu lado. Yoru é uma chefe de masmorra que eles acabaram de derrotar, e o protagonista decide usar um feitiço perigoso que pode tanto funcionar quanto matá-lo instantaneamente. O problema é que ainda não conhecemos o suficiente do passado de Akira para entender o motivo de uma atitude tão impulsiva, especialmente quando ele tem tanto a perder.

Esse tipo de decisão pode estar diretamente ligado ao maior problema do anime até agora: o ritmo. A história é clara, as emoções funcionam, mas às vezes certos pontos — sejam de enredo ou desenvolvimento de personagem — acabam passando rápido demais. Espera-se que, agora que o status quo foi estabelecido e os personagens apresentados, a narrativa respire um pouco mais.

Um equilíbrio promissor entre luz e sombra

Vale destacar também o subplot envolvendo o Herói e os outros alunos que conseguiram escapar do controle mental do Rei. Embora ainda discreta, essa trama paralela tem potencial para expandir o mundo e oferecer uma perspectiva mais ampla sobre os acontecimentos. Enquanto Akira atua nas sombras e lida com raças perseguidas, o grupo do Herói segue na luz — criando um contraste interessante e enriquecendo o universo da história. É uma escolha narrativa inteligente.

No fim das contas, o anime começa com o pé direito. Há ritmo, emoção e um protagonista que carrega tanto poder quanto humanidade. Resta saber até onde essa jornada levará Akira — seja até a floresta dos elfos ou para algo muito além disso.

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