Raido merece estar em todas as listas de melhores namorados de anime. Seu apoio incondicional à Aharen – mesmo nas situações que ele só imagina que ela esteja envolvida – é simplesmente admirável. Um exemplo disso foi sua transformação em gyaru, mesmo que por um único dia. E não tenho dúvidas de que ele continuaria com o visual, se fosse o desejo da Aharen. Todos deveríamos ter alguém tão disposto a nos apoiar e nos aceitar em qualquer fase, mesmo que isso signifique se parecer com uma versão estilizada do Bob Esponja em formato gijinka.
Apesar da graça da transformação gyaru, o momento mais marcante do episódio, para mim, foi a entrada de Raido e Aharen no universo de PriPla. Ainda que o anime se passe em um período relativamente moderno, Raido parece ter saído diretamente dos anos 90 em termos de estética. Seus personagens no jogo têm olhos enormes e queixos afiados ao estilo Gakuen Handsome, além de trajes que mais parecem figurinos de Card Captor Sakura em sua fase mais extravagante. Pena que vimos tão poucos desses visuais – cada um era uma verdadeira ode ao exagero kawaii.
E, claro, é impossível não se identificar com a frustração de investir tempo (e dinheiro!) em um jogo só para ver seu serviço ser encerrado. A dor de ver seu progresso desaparecer é real, e o episódio captura isso com um toque cômico e melancólico. Raido gasta tempo e dedicação no jogo, apenas para encarar a dura realidade de seu fim – algo que muitos jogadores de gacha conhecem bem. Confesso que me vi lembrando da minha própria frustração com o fim da minha conta no Gaia Online. Anos de esforço foram apagados num piscar de olhos. Até hoje, a lembrança é amarga.
A parte final do episódio, com os irmãos Aharen se tornando ídolos por um dia, é talvez a mais fraca das três esquetes, mas ainda diverte. O “plot twist” de que Raido estava certo – por mais absurdo que parecesse – brinca com nossa expectativa. Como o anime já nos treinou a não levar as fantasias de Raido a sério, a revelação de que ele estava certo justamente desta vez foi um bom truque narrativo.
Esse episódio equilibrou bem o humor excêntrico da série com momentos nostálgicos e um toque de crítica sutil sobre cultura gamer e apego digital. Provavelmente o melhor episódio da temporada até agora, superando até mesmo aquele hilário crossover entre Animal Crossing e Like a Dragon.
