Este foi, até agora, meu episódio de anime favorito do ano. Tudo o que Apocalypse Hotel já vinha fazendo bem é elevado a um novo patamar aqui. Temos uma verdadeira tour de force de aventura que finalmente leva a trama para além dos muros do Gingarou e nos coloca em uma luta de vida ou morte contra um teimoso verme gigante. É engraçado, emocionante, empolgante, surpreendente e, só um pouquinho, lembra *Tremors* (mas vamos considerar uma homenagem).
A estrela do episódio é, sem dúvida, Ponko, a funcionária mais recente do Gingarou e também a menos suscetível à ferrugem. Ela é corajosa, falante e amadurece de forma muito satisfatória ao longo do episódio. Mas o fato de não enferrujar é ainda mais crucial, pois é isso que inicia toda a aventura. Os corpos biológicos tanuki não sobrevivem apenas com eletricidade. Eles precisam de comida — e de uma variedade que o cardápio do hotel já não consegue oferecer no mundo pós-apocalíptico. Comentários passivo-agressivos acabam levando a sempre solícita Yachiyo e a aventureira Ponko a buscar novos alimentos. Infelizmente, elas não são as únicas famintas por aí.
A química entre Yachiyo e Ponko é o grande motor deste episódio (com menção honrosa ao *Environment Checker Robot*). Embora o contraste robô-humanoide esteja presente, ele não é forçado. Yachiyo é a supervisora cansada e dedicada, enquanto Ponko é a novata empolgada e um pouco exagerada — e funciona maravilhosamente bem. Gosto muito que Ponko está realmente animada por trabalhar com Yachiyo. O resto de sua família tem uma relação mais morna com o hotel (e o pai ainda está traumatizado pelo soco da Yachiyo, com razão). Ponko se destaca e dá mais profundidade à tripulação tanuki. É irônico que Yachiyo fique sem energia em um episódio sobre conseguir comida para os hóspedes. Mesmo programada para priorizar o hotel, é Ponko quem a faz perceber que é preciso cuidar de si mesma antes de cuidar dos outros. Às vezes, um lanche salva sua vida.
Visualmente, o episódio é um verdadeiro banquete. Cenários de decadência urbana, florestas exuberantes e uma cidade transformada em deserto criam uma paisagem rica e variada. A direção de arte tem espaço de sobra para brilhar, e a diretora Kana Shundo, que também fez o storyboard, não teve medo de ser ambiciosa. O design da criatura é fantástico — aquele camelo pode ser o melhor camelo animado que já vi, e o *Nudel* (ou Nudeloon) deixa claras suas influências (*Duna*, alguém?). A cena da língua é um destaque, homenageando *Jurassic Park* e *Guerra dos Mundos*. Esses detalhes só reforçam o espírito de aventura do episódio.
Na comédia, o episódio continua hilário. A Yachiyo com olheiras é maravilhosa — um tributo às mulheres cansadas em todos os lugares. O gag dela desligando para o modo de economia de energia é usado repetidamente, mas funciona bem. A piada do corcova de camelo é simplesmente perfeita. E Ponko rouba a cena com sua motosserra. Estava torcendo e rindo ao mesmo tempo. Aposto que fiquei sorrindo durante os vinte minutos inteiros.
Tematicamente, o episódio foca no ciclo da vida e na adaptação. Começa com Ponko dando nomes aos frangos que, de qualquer forma, seriam comidos — o que Yachiyo questiona. Não se trata de lógica, e sim de respeito a todas as criaturas. Nomeamos as coisas para reconhecê-las. Assim, ao final, Ponko nomeia conscientemente o Nudeloon antes de enfrentá-lo com sua motosserra. O verme foi um adversário digno, e seu legado vive agora nos pratos e estômagos do grupo. Bon appétit. いただきます. Obrigado pela refeição. Usamos essas palavras como ritual porque, no fim das contas, comer é algo sagrado.
Resumindo: com sua combinação de comida, aventura e caos hilário, Apocalypse Hotel preparou um episódio digno de *Delicious in Dungeon*. E esse é um elogio e tanto.
Veja também:
- My Hero Academia Vigilantes Episódio 4 — Tensei e o vigilantismo
- The Too-Perfect Saint Episódio 5 — Valor e passado