Apocalypse Hotel episódio 9 combina casamento, funeral e emoção no Gingarou

Há cerca de um mês, fiz uma previsão: Apocalypse Hotel me faria chorar antes de acabar. Pois bem... missão cumprida.

Mas não vamos direto ao clímax emocional — até porque o episódio desta semana, como sempre, é ambicioso e multifacetado. Já na primeira cena, vemos que a equipe do hotel construiu uma recepção menor para Yachiyo, acomodando sua nova condição física após a transformação da semana passada. A adaptação do ambiente para sua locomoção em um corpo com esteiras não só rende momentos hilários (como as marcas que ela deixa no sofá), mas também mostra uma atenção admirável ao detalhe. Mesmo que no fim Ponko restaure seu corpo antigo, o gesto e sua permanência poderiam ter sido um aceno ainda mais forte à inclusão em um universo tão diverso quanto o do Gingarou.

Independente disso, Yachiyo continua sendo Yachiyo — rigorosa nos detalhes, preocupada (à sua maneira) com os funcionários, e resolvendo tudo com os punhos. E é ela quem protagoniza um dos momentos mais icônicos do episódio: a decisão de combinar o casamento de Ponko e Ponstin com o funeral de Mujina. Uma ideia absurda, sim, mas que faz total sentido dentro da lógica de hospitalidade excêntrica da personagem.

Esse episódio também mergulha no passado de Ponko, revelando sua dificuldade de se encaixar na infância e o papel essencial que sua avó Mujina teve como figura de apoio. O contexto mais amplo do clã Procione — que teve de fugir de seu planeta natal em guerra — ressurge com força após a morte de Mujina, reforçando o valor do Gingarou como lar para todo tipo de diáspora. É um comentário sutil, mas poderoso, sobre pertencimento e acolhimento.

A morte de Mujina nunca é ambígua. Desde que pede um quarto privado e uma filmadora, sabemos que ela está se preparando para partir. Ainda assim, consegue deixar um último presente para todos, reafirmando sua vitalidade e amor pela neta. O momento final entre Yachiyo, Ponko e o espírito de Mujina é de uma ternura rara. Mesmo com o foco no casamento, Ponstin quase vira pano de fundo — e isso é bom. A alma do episódio está na conexão entre essas três gerações de mulheres.

Mas claro, isso é Apocalypse Hotel — nada de catarses simples. O casamento-funeral é uma obra-prima de bizarrice emocional: comédia, melancolia, celebração e absurdo se misturam em uma só cerimônia no telhado do hotel. Mujina em um caixão aberto atrás dos noivos é o tipo de imagem que só este anime poderia transformar em algo poético e hilário ao mesmo tempo.

A direção brilha, como sempre. A edição garante o timing cômico impecável (como no corte da piada suja de Fuguri ou na cena de Bumbuku espumando após ver sua mãe ser cortada em três partes). O design dos convidados — alienígenas de todo tipo — torna cada quadro uma explosão de criatividade visual. Luzes, flores e um clima festivo completam o cenário que Yachiyo tanto desejava.

E sim, eu chorei. A mensagem gravada por Mujina, seguida de sua música, é de quebrar o coração. Ela deseja a Ponko uma vida melhor e lembra a todos da casa que perderam. Vida e morte. Passado e futuro. Família e cultura. Apocalypse Hotel sempre foi uma comédia brilhante, mas agora se prova também um drama comovente — e o Gingarou, definitivamente, é o lugar para estar nesta temporada.

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