Era uma vez uma menina presa em um castelo na floresta por uma bruxa cruel. A bruxa ordenou que um lobo a guardasse. O lobo entendeu que deveria protegê-la, mas também que deveria mantê-la presa. E, com o tempo, os dois passaram a se amar. Mas e quando o feitiço que a mantinha cativa se quebra, o que faz o lobo? A leva de volta à prisão... ou a protege da própria bruxa? Esse é o conto sombrio e emocional que define o episódio 9 de Black Butler: Emerald Witch Arc.
A figura trágica de Wolfram ganha ainda mais força neste capítulo. Se no episódio anterior sua obediência cega a Frau Sullivan já nos causava incômodo, aqui vemos que seu dilema é muito mais profundo. O lobo “domesticado” não é apenas um servo: ele enxerga Sieglinde como filha. A longa convivência transformou dever em afeição, e mesmo após ser o responsável por quebrar os pés da garota para impedi-la de fugir, é visível que Wolfram a ama. Ao contrário dos demais soldados — como Grete, disposta a sacrificá-la sem hesitar — Wolfram é o único com humanidade suficiente para se opor, ainda que em silêncio.
Finny, como já vinha sendo estabelecido, é o espelho de Sieglinde e agora também de Wolfram. Livre, forte e movido pelo amor e gratidão a Ciel, Finny corre pela floresta como o herói das lendas celtas que inspiram seu nome. A cena em que ele carrega Sieglinde e Tanaka remete a uma fábula heroica: ele não luta por ordens, mas porque foi salvo — e agora deseja salvar. Em contraste, Wolfram não teve quem lhe dissesse que poderia ser livre. Ele segue ordens porque é só o que conhece. E essa é talvez sua maior prisão.
Visualmente, o episódio também é um primor. O combate entre Baldo e Wolfram é carregado de tensão, e a floresta sombria amplifica cada movimento. A aparição de Ciel vestido como Sieglinde é um choque dramático, mas o grande destaque é Tanaka, que finalmente se revela em sua verdadeira forma e brande sua espada com maestria. A escolha de mostrar essa cena em preto e branco foi brilhante — não só destaca o momento como reforça o peso do tempo e da experiência de Tanaka.
Há uma sensação de que tudo está prestes a ruir para o grupo Phantomhive. Com Sebastian ainda nas sombras, pronto para agir quando necessário (e sempre pontual para o café da manhã), a história atinge um de seus picos emocionais. E a chegada de um antigo aliado promete mudar o rumo das coisas.
Este episódio foi mais do que um avanço na trama: foi uma exploração profunda de lealdade, afeto e o conflito entre dever e compaixão. E nos lembra, mais uma vez, que mesmo monstros obedientes podem, no fundo, apenas querer proteger quem amam.