O grande drama do Leohart é que ele não está mentindo: nesse universo, a bênção define seu destino. Se o nobre que o tirou da favela não tivesse suspeitado de uma bênção poderosa, Leohart teria continuado preso ali. Do mesmo modo, a Sophia só ganhou visibilidade porque o gorila deus a escolheu — sem isso, ela viveria sua vida pacatamente na roça, do jeitinho que queria.
Louis e Araignée: exemplos de exceção
Olhe a Araignée, abençoada pela aranha: sua teia é tão resistente que seria arma de defesa perfeita para os cavaleiros, mas ela ficou de fora. Já o Louis, abençoado pelo esquilo (provavelmente o mais subestimado de todos), entrou contra a vontade dos superiores e mostrou que dá pra superar qualquer bênção — basta foco e determinação.
Escolha de Sophia: sigilo x vocação
A Sophia descobriu que gostar de servir como cavaleira era escolha dela. Ninguém a obrigou a ficar depois do recrutamento; foi ela quem percebeu o prazer de ajudar com seu poder único. Poderia ter virado estivadora, agricultora ou até guardiã de plantação — mas quis mesmo bater espada pelo bem comum.
O ciclo do ressentimento
Leohart, de forma distorcida, almejava a mesma coisa: reformar o sistema. Só que, ao reagir com ódio e violência, ele só reforçou o ciclo de opressão que o feriu. Foi sua dor, não o lustre quebrado, que o destruiu por dentro.
Sinal de mudança
Quando o Louis derruba o Leohart, não é só um golpe físico: é a prova de que o sistema pode evoluir. Toda bênção, por mais improvável — como a da Carissa, que é de toupeira e faz milagres no solo —, tem potencial para ser usada para o bem, se encarada sem preconceitos.
Talvez “A Garota do Deus Gorila” tenha vacilado em animação ou corrido demais no final, mas entregou uma jornada leve e divertida. No fim das contas, meu voto vai pro gorila deus como melhor personagem da temporada — prova de que nem tudo precisa ser “épico” pra ser divertido.