O grande problema: apatia em plena contagem regressiva
Estamos a poucas semanas do suposto fim do mundo, mas Lazarus continua incapaz de transmitir urgência. “I Can’t Tell You Why” gasta metade do tempo em infodumps sobre Leland Astor — herdeiro de uma dinastia centenária, irmão ausente, órfão traumatizado — apresentados tarde demais para gerar empatia. A outra metade acompanha o grupo até uma clínica ultrassecreta para bilionários, descoberta graças a um comprimido que alguém esqueceu no bolso oito episódios atrás. Nem a sátira a um “SUS dos 1%” sai do lugar: o roteiro menciona desigualdade e passa reto, como quem tropeça numa pauta e não sabe o que fazer com ela.
Exposição tardia não é desenvolvimento
Drama familiar poderia enriquecer Leland se plantado no início: veríamos seus surtos de impulsividade à luz dessa herança tóxica. Mas revelar tudo agora equivale a colar ficha de RPG no quadro e esperar que o público se importe. O clichê “irmã ressentida porque você sumiu após a morte do papai” soa raso, e o discurso da médica — convenientemente a mesma que operou o patriarca Astor — tenta forçar uma profundidade que não existe.
Trama de ganso selvagem: pistas convenientes, suspense inexistente
- Clínica dos bilionários – ideia curiosa se houvesse crítica social mordaz; vira apenas cenário genérico para perseguição.
- Pílula esquecida – dispositivo mágico para mover a história, evidência de que o roteiro não confia nos próprios mistérios.
- Skinner sempre um passo à frente – inimigo onipotente que hackeia tudo e planta falsas pistas, mas cujo plano segue opaco após dez semanas.
Resultado: o espectador assiste à equipe tropeçar em leads duvidosos enquanto o relógio do “último domingo pacífico” permanece só na falação. Suspense soa vazio quando seus protagonistas parecem tão perdidos quanto quem assiste.
Direção e animação seguem competentes — para quê?
É injusto dizer que tudo está perdido: a produção visual ainda impressiona. Movimentação de personagem fluida, iluminação neon nos corredores da tal clínica, trilha eletrônica discreta porém bem mixada. Porém, como costurar impacto emocional se a história gira em círculos? Lazarus se torna o pior dos mundos: tecnicamente bom, narrativamente morno. Não gera ódio, tampouco entusiasmo — apenas tédio.
A aposta frustrada do fim dos tempos
Cada diálogo promete que agora o mundo vai acabar, e que somente esse grupo pode salvá-lo. Mas a série gasta energia em peripécias episódicas, reciclando o mesmo truque de missões “essenciais” que levam a becos sem saída. Como acreditar que o próximo episódio finalmente resolverá algo?
Conclusão: entropia narrativa
Há algo mais triste que um anime ruim? Sim: um anime que desperdiça potencial e talento numa espiral de irrelevância. Episódio 10 deixa claro que Lazarus não é chocantemente péssimo — é simplesmente desinteressante. E, para uma equipe de veteranos que venderam a série como evento, esse é o pecado capital.