Por que este “desvio” funciona
Sim, o roteiro enrola: em vez de Yaiba cortar caminho até Onimaru, somos despachados para poços com alçapões e salas repletas de mini-chefes. Na teoria isso soa como filler; na prática, é a licença perfeita para o estúdio exibir dois trunfos que transformaram a série em cult favorite desta temporada:
- Comédia autorreferencial – cada novo vilão ridiculiza tropes de mangá de batalha; o próprio anime zomba do expediente “Quatro Reis do Mal” desde o batismo.
- Exibição de animação 2D raiz – cenários pintados à mão, cortes squash & stretch, proporções elásticas dignas de Looney Tunes, mas embaladas por sakuga moderno.
O quarteto mais sem noção do Japão feudal
- Chameleon Bonaparte – camaleão megalomaníaco de chapéu bicorne. A edição de som coloca estalidos tipo câmera fotográfica cada vez que ele some na camuflagem: gag que mistura a banda sonora de Metal Gear com dialeto francês karikaturo.
- Chimp Kent – gorila que veste capa vermelha, peitoral com “S” torto e faz discurso sobre “verdade e justiça”. Não é só paródia óbvia a Superman; é comentário sobre a mania de vilões que anunciam poderes antes de agir. Resultado: leva golpe nas costas enquanto discursa.
- Angler King – peixe-abissal gigante num tanque de água suspenso por correntes. O diretor de fotografia usa filtro azul-esverdeado, remetendo a filmes de terror aquático B-movie. Porém, morre engasgado com o próprio isco, numa gag que dura dez segundos.
- Sr. Spider & Turtle Mecha – retorno do vilão mais carismático da primeira fase, agora pilotando um kaiju mecânico que alterna entre casco de tartaruga e aranha de oito metros. Aqui o storyboard arrisca planos amplos em perspectiva, demonstrando como animação tradicional ainda vence muita CGI de orçamento médio.
Dinâmica dos protagonistas: evolução na marra
Yaiba continua hiperativo, mas o episódio concede destaque ao core secundário:
- Sayaka – em vez de “fanservice reforçado por mal-entendidos”, ela salva o herói com… uma charada de matemática. O humor nasce do fato de Yaiba ser tão ruim em números que a resposta errada vira senha da autenticidade. Piada simples, porém ligeiramente meta: confirma que a produtora sabe das expectativas de trope e escolhe outra rota.
- Musashi e Kojiro – espelho do “rival vira aliado”. Aqui, Kojiro tenta trair o time, mas derruba o cooperador sem querer. Ganha em timing cômico porque o episódio monta suspense dramático só para explodir num erro pastelão. Importante: não é gag isolada; a sequência sedimenta a aproximação de Kojiro com o grupo principal, preparando terreno para futura redenção.
Telão técnico: notas de produção que merecem aplausos
Elemento | Detalhe notável |
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Direção de animação | Cuts de onomatopaia animada que invadem o quadro, mesclando estética spider-verse com mangá clássico. |
Design de som | Uso de reverb cômico durante transformações – cada “PUFF” ecoa como em auditório vazio, reforçando o absurdo. |
Paleta de cores | Contraste quente-frio: corredores alaranjados para Yaiba/Sayaka vs. azuis profundos do tanque do Angler King. |
Trilha incidental | Guitarras surf music para Chameleon; fanfarra John Williams wannabe para Chimp Kent. Trilha se torna piada. |
O que esperar do episódio 11?
A prévia mostra Yaiba finalmente diante de Onimaru sob lua cor de sangue. A equipe prometeu três minutos de animação sem “cuts reutilizados”. Se mantiver a energia cartunesca de hoje aliada à coreografia de espadas vista no training arc, podemos receber uma batalha que mistura Looney Tunes com Sword of the Stranger. Hype justificado.