Your Forma – Episódio 8: Raissa, Tosti e o Mistério dos Gatos Digitais

 

Finalmente começamos a ter mais clareza sobre a história dessa sociedade e o que, de fato, define um vigilante. E o melhor: essas informações vêm por meio de uma nova aula universitária que Koichi vai fazer. O conteúdo chega por um personagem com uma visão mais cética e aberta sobre como tudo funciona, o que torna a exposição ainda mais interessante. Era justamente esse tipo de construção que eu queria ver desde o início, quando o conceito de “vigilantes” foi apresentado.

A linha que separa um vigilante de um herói é, no fim das contas, bem tênue — sendo o diferencial legal apenas um crachá autorizado pelo governo. Se pensarmos em termos reais, é possível que uma pessoa comum impeça um crime sem necessariamente sofrer punições, a menos que cometa algo grave no processo. Os heróis, então, funcionam quase como policiais: eles podem causar uma perturbação pública para prender alguém, e isso é perdoado porque estão fazendo seu trabalho.

A ideia de que os primeiros heróis eram, na verdade, cidadãos que se levantaram para proteger a ordem pública quando os quirks começaram a surgir faz muito sentido. E que a fama e a popularidade tenham sido fatores determinantes para alguns se tornarem heróis, enquanto outros foram rotulados como vilões, também é coerente. Isso levanta questionamentos sobre o papel do governo em definir quem é “bom” ou “mau”, um tema que o anime principal já abordou e que aqui pode ganhar novas camadas.

Mas, sinceramente? Não sei se quero que o anime aprofunde tanto esse tema, porque ele ainda escorrega em pequenas incoerências que incomodam. Neste episódio, Koichi precisa manter sua identidade em segredo, mas ele já falhou nisso tantas vezes que é difícil levar essa preocupação a sério. Ele raramente usa a máscara corretamente, e muitos já suspeitam quem ele é. Além disso, se só é permitido agir como herói com licença oficial, como aquele garoto de ensino médio com laser no olho não sofre nenhuma consequência ao usar sua individualidade para impedir um roubo? A cena é cômica, mas destoa do tema sério discutido no episódio.

A introdução da Makoto foi muito bem-vinda. Ela é uma personagem vibrante e traz energia à tela. Seu visual disfarçado com lentes verdes é um detalhe curioso, mas é sua personalidade aberta e o desempenho de Molly Searcy que realmente se destacam. A atriz traz vida à personagem de uma forma que me deixou com vontade de revisitar outros trabalhos dela. A piada com o ladrão cujo poder é simplesmente ser bom em futebol foi hilária, e o Knuckleduster, cada vez mais, está assumindo o papel de figura paterna — quando não está espancando bandidos, claro.

No fim, esse foi um episódio com várias qualidades e boas promessas para os próximos capítulos. Mas, como tem acontecido com frequência, sempre há um detalhe ou outro que incomoda ou quebra a lógica interna do mundo. Ainda assim, o desenvolvimento dos personagens e a construção crítica da sociedade dos heróis continuam sendo os grandes trunfos de Vigilantes.

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