Anne Shirley – Episódio 9: Conquistas, despedidas e a última noite em Queen’s

O nono episódio de Anne Shirley pode até ter passado rapidamente pelos acontecimentos em Queen’s, mas isso não diminui seu impacto emocional. Afinal, o que realmente importa aqui é o sentimento de despedida que começa a se formar — e que é lindamente traduzido nas últimas palavras do episódio, reproduzidas diretamente do livro: “Foi a última noite antes que a tristeza tocasse sua vida; e nenhuma vida é jamais a mesma depois que essa mão fria e santificadora é colocada sobre ela.”

Mesmo que o desfecho seja previsível para quem conhece a obra ou esteja atento às pistas deixadas pela narrativa, ele não deixa de causar um aperto no coração. E talvez o que mais intensifique esse sentimento seja o contraste com o que este episódio também celebra: a conquista de Anne. Ela venceu Gilbert Blythe na disputa pela tão sonhada bolsa de estudos. Em plena era de 1908, isso não é pouca coisa — especialmente considerando que, em muitas histórias da época, o garoto seria o vencedor, enquanto a garota ganharia um prêmio simbólico. Mas não aqui. Aqui, Anne vence.

E, no entanto, ela não está plenamente feliz. A vitória vem acompanhada de uma sensação agridoce, pois Gilbert não poderá ir para a faculdade no outono. Ele terá que trabalhar para pagar seus próprios estudos. A rivalidade que os uniu por tanto tempo começa a mostrar sinais de outra coisa — um sentimento que Anne não sabe (ou não quer) nomear. O fato é que, mesmo declarando desprezo, ela se preocupa com Gilbert. Ele mora em sua cabeça — e talvez no coração.

Mesmo sem admitir, Anne está tentando ser mais gentil. Sente ciúmes quando outra garota elogia Gilbert, conversa com ele de forma mais amena quando ninguém está por perto e não consegue comemorar sua vitória com sinceridade. Gilbert, por outro lado, não carrega esse orgulho competitivo — ele sempre se alegra pelas conquistas de Anne, e isso só reforça o quanto ele amadureceu desde aquele garoto impulsivo que a chamou de “cenoura”.

No meio de tudo isso, temos Matthew. Ah, Matthew. Seu amor silencioso por Anne aparece mais uma vez de forma singela e poderosa. Quando ela embarca no trem, ele se esconde para observá-la partir em segurança — assim como no início da história, quando foi buscá-la na estação e não teve coragem de deixá-la sozinha. Ele sempre esteve lá, nos bastidores, garantindo que Anne se sentisse amada e acolhida. Esse é, sem dúvida, o maior presente que ela poderia receber — muito mais valioso que uma bolsa ou medalha.

Este episódio é a calmaria antes da tempestade. Um momento de contemplação, de reconhecimento das conquistas e dos vínculos formados. Anne ainda não sabe o quanto tudo isso será importante nos dias que virão… mas nós sabemos. E por isso, cada cena aqui carrega um peso silencioso — como uma despedida que ainda não se sabe que é despedida.

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