Loulan talvez não tenha encontrado paz, mas com certeza cavou seu próprio destino – e Maomao não faz ideia de como lidar com isso. Já comentei que Maomao e sua família são os únicos sem máscaras nesta trama, mas, na real, Maomao talvez nem perceba a máscara que veste. Não falo das sardas ou das tentativas de esconder sua aparência; falo do cerne dela como pessoa. Maomao sempre se via estoica, cumprindo o dever sem se envolver emocionalmente. Mas, diante do ato de Shisui/Loulan, ela descobre que se importa – e muito.
A amizade tingida de tragédia
Loulan, outrora consorte, foi uma amiga genuína para Maomao, e mais inocente no clã Shi do que os próprios pais. Agora, porém, ela se sacrifica para derrubar a família – envenenando crianças, ainda que para poupar o sofrimento iminente quando o exército chegasse. Mesmo Lihaku reconhece: aquelas crianças morreriam de qualquer jeito, pois o destino dos Shi está selado. Só Suirei, com sangue imperial, talvez escape – e olhe lá.
Vítimas mascaradas de monstros
O mal quase nunca veste a cara que esperamos aqui. O falecido imperador era um monstro sedutor; sua mãe, facilitadora. Shenmei se quebrou no palácio e, em vez de apoio em casa, encontrou prazer em infligir dor, enquanto Shishou fazia de conta que nada via. Loulan e Suirei, no entanto, são vítimas. Envenenar aquelas crianças pode até ser lido como misericórdia – um gesto que alguém devia ter feito por elas e pelas próprias Loulan e Suirei.
O sequestro como último movimento
Seqüestrar Maomao foi, para Shisui, mais do que um erro – talvez fosse a última peça de um plano para derrubar o clã. Ela não deseja mal à amiga, mas não hesita em usá-la. E Maomao, vendo tudo isso, tem que confrontar suas próprias certezas: não é tão impassível quanto pensa, e muito menos imune ao caos humano.
Máscaras que não voltam ao lugar
Este é, sem dúvida, o momento mais sombrio de The Apothecary Diaries. Tanto Maomao quanto Jinshi atravessam um ponto sem retorno: ele precisa abandonar as convenções e mostrar seu verdadeiro eu; ela, encarar emoções que jurou não ter. Ver aqueles pequenos corpos embalados e carregados é algo que vai assombrar os sonhos por anos.
Será que tudo terá valido a pena? Shenmei precisa cair, sem dúvida, mas punir Shishou, Suirei e Loulan – vítimas de um sistema podre – soa como castigar quem já sofreu demais. No fim, pouco importa onde apontamos o dedo, quando contemos as almas partida, o estrago é irreversível.